Quanto mais tempo passa, mais eu compreendo como a dor de perder alguém corrói, vai cavando, penetrando cada vez mais fundo na alma.
O falecimento é um acontecimento isolado que fica para trás, mas a falta que sentimos, o amargo da ausência, a crueldade da saudade, são sentimentos que permanecem e que batem no peito a toda hora.
Esse é o verdadeiro desafio quando essa fatalidade se abate sobre nós: saber lidar com esse turbilhão de emoções.
Convivemos com a morte desde cedo, ouvimos falar dela como algo que faz parte do nosso cotidiano, mas quando ela nos bate à porta o mundo vira ao contrário.
E espera-nos um recomeço, como se tivéssemos que aprender novamente a viver o dia a dia. Ainda estão abertas as feridas no meu coração, ainda é tudo muito recente, dois meses não são nada para a longa caminhada que provavelmente terei pela frente.
Mas, quero me reerguer, voltar a sorrir, porque quem eu perdi certamente queria que eu fizesse isso. Quero deixar a tristeza ir embora, mas guardarei cada recordação como um verdadeiro tesouro.
São elas que me concederão a força que necessitarei. São elas que me mostrarão que tudo que vivi ao lado de quem amo valeu muito a pena.